Reciclagem do plástico, um drama da nossa geração

Reciclagem do plástico, um drama da nossa geração
  • 20/06/2019
  • Geral

Reciclagem do plástico, o mundo produziu 8,3 bi de toneladas em 65 anos e reciclou só 9%
Os dados do título acima são de uma pesquisa publicada pela Science Advances, em 2017. Você sabia que o ser humano fabrica quase 20 mil garrafas de plástico a cada segundo (a Coca-Cola sozinha põe no mercado 3.400 garrafas plásticas a cada segundo)? Por ano são mais de 100 bilhões de garrafas de plástico descartáveis! Mas o pior é que, embora a maioria das garrafas usadas para refrigerantes e água sejam feitas de tereftalato de polietileno (Pet), altamente reciclável, as seis principais empresas de bebidas no mundo usam apenas 6,6% de Pet reciclado em seus produtos. E nenhuma pretende usar 100% de reciclagem do plástico em sua produção global (Greenpeace).


Novidades em 2018


O site www.ecowatch.com publicou em 2018: ” Pesquisadores da Colorado State University (CSU) desenvolveram uma solução potencial para o problema da reciclagem de plástico. Em um artigo publicado na Science, eles revelaram um novo polímero com muitas das mesmas características do plástico que pode ser mais facilmente retornado às suas moléculas originais para serem reciclados. E sem a necessidade de produtos químicos tóxicos ou processos laboratoriais complicados. Eugene Chen, professor de química da CSU cujo laboratório desenvolveu o material declarou:

Os polímeros podem ser quimicamente reciclados e reutilizados, em princípio, infinitamente

“O novo polímero desenvolvido pelo laboratório de Chen compartilha características importantes com o plástico, como resistência, durabilidade, leveza e resistência ao calor. Ele também pode ser facilmente decomposto usando um catalisador e retornado à sua forma original para reutilização. Chen acredita que ele e sua equipe estão indo na direção certa.”

Seria nosso sonho ver essa tecnologia de polímero quimicamente reciclável se materializar no mercado

E conclui o site: “Se Chen concretizar esse sonho, seu trabalho poderia ajudar governos e empresas a reduzir a poluição por plásticos. Apenas um dia antes de seu artigo ser publicado, mais de 40 empresas britânicas se uniram a um Pacto de Plásticos do Reino Unido que visa, entre outras coisas, obter 30% das embalagens do Reino Unido a partir de fontes recicláveis ​​até 2025.”

O governo brazuca bem que poderia imitar este exemplo…

Um milhão de garrafas de plástico são compradas em todo o mundo a cada minuto…
Pesquisamos na net o que acontece no Brasil e no mundo sobre o plástico. Respostas não são fáceis. É preciso um esforço coletivo: da indústria, dos governos, e a população. Se não houver esta união, a questão pode nos levar a um tremendo impasse.

A matemática é cruel. Segundo a Science Advances, o número de garrafas compradas vai pular mais 20% até 2021, criando uma crise ambiental que alguns ativistas preveem tão grave quanto a mudança climática.

Dois tipos de plástico


São dois tipos diferentes: os termorrígidos ou termofixos e os termoplásticos.

O plástico ‘termorrígido ou termofixo’
Segundo estudo da UNICAMP “os plásticos termofixos são aqueles que não se fundem e uma vez moldados e endurecidos, não oferecem condições para reciclagem. É o caso das telhas transparentes, do revestimento do telefone, do material do orelhão e de inúmeras peças utilizadas na mecânica e especificamente na indústria automobilística.”
O termorrígido ou termofixo (foto: blogdoplastico.wordpress.com)
O Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Minas Gerais - SIMPLAST diz que “este tipo representa cerca de 20% do total consumido no Brasil.”

Os ‘termoplásticos’


“São aqueles que amolecem ao serem aquecidos, podendo ser moldados. Uma vez resfriados endurecem e tomam determinada forma. Como o processo pode ser repetido várias vezes, esses plásticos são recicláveis podendo ser reaproveitados.”


Os ‘termoplásticos’ (foto: mecanicaindustrial.com.br)
Mas, mesmo assim, há limitações…

“O termoplástico reciclado não pode ser empregado em embalagens de alimentos, a fim de se evitar contaminações provenientes de tintas e produtos tóxicos.“

As sete espécies de ‘termoplásticos’, segundo a UNICAMP
A- Polietileno Tereftalato - PET, utilizado em frascos de refrigerantes, de produtos de limpeza e farmacêuticos, em fibras sintéticas, etc..

B- Polietileno de Alta Densidade - PEAD, utilizado na confecção de engradados para bebidas, garrafas de álcool e de produtos químicos, bambonas, tambores, tubos para líquidos e gás, tanques de combustível, etc..

C- PVC - Cloreto de polivinila - V, utilizados em frascos de água mineral, em tubos e conexões para água, em calçados, encapamentos de cabos elétricos, equipamentos médico-cirúrgicos, lonas, esquadrias, etc..

D- Polietileno de Baixa Densidade - PEBD, empregado nas embalagens de alimentos, sacos industriais, sacos para lixo, filmes flexíveis, lonas agrícolas, etc.

E- Polipropileno - PP, empregado em embalagem de massas alimentícias e biscoitos, potes de margarina, seringas descartáveis, equipamentos médico-cirúrgicos, fibras e fios têxteis, utilidades domésticas, autopeças, etc..

F- Poliestireno - PS, usado em copos descartáveis, placas isolantes, aparelhos de som e de TV, embalagens alimentícias, revestimento de geladeiras, material escolar, etc..

G- Outros, são as resinas plásticas não indicadas até aqui e são utilizadas em plásticos especiais na engenharia e em CD’s, em eletrodomésticos, corpo de computadores e em outras utilidades especiais.

Três tipo de reciclagem do plástico
Além dos dois tipos de plástico, e das sete espécies do ‘termoplástico’, há três tipos de reciclagem possíveis segundo a UNICAMP. Note que todas estas especificidades tornam o processo de reciclagem ,muito mais complexo que o do alumínio por exemplo.


“No Brasil, o maior mercado é o da reciclagem primária. Consiste na regeneração de um único tipo de resina separadamente. Este tipo de reciclagem absorve 5% do plástico consumido no país. É geralmente associada à produção industrial (Pré-consumo).”


“Um mercado crescente é o da reciclagem secundária. O processamento de polímeros, misturado ou não, entre os mais de 40 existentes no mercado.”


“A reciclagem terciária, ainda não existente no Brasil, é a aplicação de processos químicos para recuperar as resinas que compõem o lixo plástico, fazendo-as voltar ao estágio químico inicial.”
Reciclagem do plástico no Brasil


Parece fácil responder a pergunta, certo? Nem tanto. Ao pesquisar os dados brasileiros encontramos dificuldades. As cifras de várias pesquisas, sites especializados, ‘grande imprensa’, e da própria indústria do plástico, não batem. Um ponto, entretanto, é consenso: a taxa de reutilização é baixa. A reciclagem do plástico não anda bem no Brasil. A maioria das taxas encontradas giram em torno de 20%.

Reciclagem do plástico no mundo - alguns dados


Como dissemos, o problema é mundial. A seguir, dados da…

Europa
Em 2011 o país campeão na reciclagem de plásticos foi a Suíça (53%). Em seguida, a Alemanha (33%), Suécia (33,2%), Bélgica (29,2%), Itália (23,5%), países que incineram a maior parte do plástico coletado seletivamente (dados do Cempre). Antonio Silvio Hendges informa que “a média da União Europeia (2012) foi 25,4%.”

Estados Unidos


De acordo com a Environmental Protection Agency- EPA, 9,5% de material plástico gerado no fluxo de resíduos sólidos municipais (MSW) dos EUA foi reciclado em 2014. Outros 15% foram queimados para energia. E 75,5% foram enviados para aterros sanitários.

Os três atores: a indústria, o governo, e os cidadãos


Da pesquisa feita pelo Mar Sem Fim, destacamos alguns pontos que envolvem os três protagonistas deste drama mundial. O plástico é um dos materiais mais poluentes e com menor taxa de degradação no meio natural (estimativas indicam 500 anos para ele se desfazer).
O plástico está entupindo os oceanos, inviabilizando a vida marinha, cuja cadeia de alimentação já foi atingida pelo material; e voltando-se contra o ser humano que consome peixes e frutos do mar e, junto com eles, o plástico que nós mesmos produzimos e descartamos de forma errada.

A indústria do plástico


No Brasil, o consumo chega a 10 Kg por ano/por pessoa. Na Europa e Japão, 50 Kg por ano/por pessoa. Nos Estados Unidos o número é de 70 Kg por ano/por pessoa.


Fontes virtuais no mundo:

http://www.keepeek.com/Digital-Asset-Management/oecd/environment/environment-at-a-glance-2015_9789264235199-en#page30;

https://www.thebalance.com/plastic-recycling-facts-and-figures-2877886;

https://www.epa.gov/;

https://www.ecowatch.com/plastic-recycling-science-2563822458.html?xrs=RebelMouse_fb&ts=1524845400