Brasil joga fora 80 toneladas diárias de produtos que poderiam ser reciclados

Brasil joga fora 80 toneladas diárias de produtos que poderiam ser reciclados
  • 04/04/2019
  • Geral

O Brasil joga fora, todo dia, 80 toneladas de produtos que poderiam ser reciclados. Mas existem pessoas tentando mudar isso.

É um senhor caixote. Mas não destoa muito do cenário no parque mais importante de São Paulo. Se no dia-a-dia, as pessoas vão para cá deixar de lado as preocupações, no caixote a população libera outros problemas bem mais concretos.

“Celular, carregador, impressora, sempre tem uma impressora, aparelho de som, computador, notebook, tem de tudo”, diz Fernando Perfeito, criador do projeto.

Dar um destino correto a equipamentos antigos foi ideia do Fernando há três anos. O governo de Mônaco financiou 15 caixas coletoras, transformando o que seria lixo em produto para reciclagem. “Este aqui já coletou uma tonelada. Imagina uma tonelada de lixo eletrônico jogada aqui no parque”, comenta Fernando.

Em outra realidade da cidade mais rica do país, o que chega é material mais simples. Mas tudo organizado. Setecentos moradores cadastrados em um projeto patrocinado por uma empresa já levaram cerca de 30 toneladas de papelão, latas, vidro.

O Brasil produz quase 80 milhões de toneladas de lixo produzido por ano, apenas 3% vão para a reciclagem.

No Parque Grajaú, a taxa é certamente maior porque o que é entregue é pesado e rende pontos. Um quilo de vidro, 24 pontos; de garrafa pet, 83; papel e papelão, 37 pontos. Depois, é só trocar, como Dona Severina já fez, por alimentos. “Ajuda porque tem uma hora que você está duro, aí você pega os seus pontos e troca”, conta a aposentada Severina dos Santos.

Há quem diga que está errado distribuir prêmios ao se fazer algo que seria, na verdade, obrigação de todos. Mas, por trás de cada produto reciclado, tem mais do que simplesmente ganhar pontos. Ganha-se a possibilidade de mudar o lugar e as pessoas que moram ali.


O curso de manicure e pedicure sai de graça para quem acumula dez mil pontos em material. A Cris, louca para ter uma carreira, saiu juntando papelão. “A gente acha que coisa de reciclagem é lixo, mas na verdade não é lixo, deu um curso para mim gratuito e eu estou muito feliz”, diz a cabeleireira Cristina dos Santos.

O esforço é percebido ao redor. “Aqui ficava cheio de água, o esgoto ficava entupido. Agora não tem mais isso”, ressalta Severina.

“É bacana olhar e ver que elas nos dizem: nossa eu estou sentindo que está diferente onde a gente está”, conta Cláudia Pires, fundadora da Soma.

Uma comunidade inteira está mudando, ponto a ponto.

Fonte: globo.com/jornal-nacional